No cenário internacional, a guerra entre Rússia e Ucrânia ocupa os espaços midiáticos promovendo diferentes pautas e debates acerca das movimentações que influenciam relações internacionais, economia e a política global.
Entender o contexto da guerra e suas consequências é fundamental para chegar preparado nas próximas provas de vestibular. Por isso, professores do ensino médio e cursinhos já estão trabalhando o tema com seus alunos.
Ciências Humanas
O mais provável é que questões sobre a guerra entre Rússia e Ucrânia apareçam na prova de Ciências Humanas, ou seja, de Geografia e História. Diante disso, estudar sobre a Guerra Fria e a formação da Organização do Tratado do Atlântico do Norte (Otan) é uma prioridade em 2022.
As tensões entre os dois países se iniciaram devido a diferentes motivos políticos, econômicos e culturais, principalmente após o fim da Guerra Fria com a independência da Ucrânia em 1991. A aproximação da Ucrânia com outras nações europeias e o interesse em fazer parte da Otan provocaram desconfiança por parte da Rússia. A intensificação do conflito teve início no último dia 24 de fevereiro quando as tropas russas invadiram o território ucraniano.
Saiba mais sobre as tensões entre Rússia e Ucrânia
Tema de redação
O assunto gera várias possibilidades de debates, uma vez que o conflito é marcado pelo aspecto geopolítico, envolvendo questões essencialmente políticas e territoriais. Nesse sentido, o tema pode gerar diferentes propostas de produções textuais em processos seletivos de ingresso ao ensino superior devido aos desdobramentos causados pela guerra.
A professora Vanessa Botasso, do Curso Pré-Vestibular da Oficina do Estudante de Campinas (SP), diz que o tema pode ser cobrado de forma direta, solicitando ao candidato que “se posicione de maneira crítica em relação à postura de líderes políticos frente ao caso ou frente às especulações acerca de uma guerra nuclear”.
As questões indiretas relacionadas à guerra também podem ser cobradas, tais como “a importância da autonomia dos países na geração de energia ou, ainda, a censura à imprensa e os ataques à liberdade de expressão em governos autoritários”, explica Vanessa.
No momento de escrever sobre um tema tão complexo, é necessário, de acordo com a professora, desenvolver estratégias como, por exemplo, evidenciar a globalização enquanto um elemento que possibilita “estabelecer paralelos entre os acontecimentos mais gerais e as microrrealidades”.
No processo de preparação de escrita sobre esse tema, é fundamental que o candidato esteja informado e atualizado quanto ao que ocorreu ao longo do tempo de conflito. Vanessa enfatiza sobre a necessidade de estar atento aos posicionamentos e falas de grande destaque, tanto no meio político quanto no midiático. “Nas redes sociais, vale ficar atento a iniciativas interessantes, como trends e hashtags, que podem ser usadas de exemplo na redação”, completa.
Impactos ambientais
Uma outra possibilidade é o conflito ser abordado em questões de Física, Química e Biologia ou, no caso do Enem, em Ciências da Natureza.
A guerra causa impactos ao meio ambiente devido a fatores como o uso de bombas nucleares e ao risco de usinas atômicas serem atingidas e provocar acidentes catastróficos como o que ocorreu em Chernobyl em 1986.
O professor Dario Francisco, da Oficina do Estudante, analisa que os efeitos devem demandar muito tempo para serem revertidos, ainda mais se houver vazamento de radioatividade. Para o educador, o lançamento na atmosfera de uma grande quantidade de elementos químicos e toneladas de carbono decorrentes do deslocamento de muitos tanques, blindados e explosivos causam profundos efeitos ao meio ambiente.
A professora de Química Tathiana Guizelini, da Oficina do Estudante, explica que “a explosão dispersa detritos e materiais radioativos na estratosfera. Esses poluentes se espalham e caem pela área ao redor da detonação, por precipitação”. De acordo com a professora, diante desses eventos, chuvas ácidas podem ocorrer e cair na superfície podendo causar câncer.
Outro fator que se destaca são as explosões de minas terrestres, que segundo Tathiana, podem contaminar os solos e consequentemente os animais que se alimentam nessas zonas afetadas, prejudicando a reprodução e reduzindo a expectativa de vida da fauna local.
“Como os agentes poluidores são de meia-vida muito longa, esses efeitos são de longo prazo, o que pode levar à fragilização dos ecossistemas atingidos por centenas de anos. A poluição espalhada pelo ar tem potencial de levar a mancha de contaminação radioativa a lugares muito distantes da detonação”, conclui a professora.