Mitos e verdades sobre o Enem semestral
Proposta em 2010, ideia de implementar duas edições do Enem por ano é adiada pela quarta vez.
Considerado o maior exame do Brasil e o segundo do mundo, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) ficou ainda mais audacioso, em 2010, quando foi cogitada a aplicação semestral do processo seletivo. Defendido com veemência pelo então ministro da educação, Fernando Haddad, o novo formato do Exame foi proposto como meio de substituir os vestibulares de inverno aplicados pelas universidades brasileiras.
Em decorrência do atraso nas negociações com o Tribunal de Contas da União (TCU) e com a Controladoria-Geral da União (CGU) sobre a contratação de novas empresas para coordenar o Exame, não foi possível aplicar o Enem no primeiro semestre de 2010. Neste sentido, a decisão foi repassada para o governo seguinte e coube à presidente Dilma Rousseff definir se o Exame contaria, ou não, com duas edições.
Em 2011, a Portaria nº 110, de 18 de maio, foi publicada no Diário Oficial da União determinando que, a partir de 2012, o Enem seria aplicado, pelo menos, em duas edições por ano. O documento também determinava a aplicação da primeira edição semestral do processo seletivo nos dias 28 e 29 de abril, contudo, tendo a sobrecarga das estruturas logísticas como justificativa, o Ministério da Educação decidiu cancelar a portaria.
Pouco tempo depois, a adoção da medida foi confirmada oficialmente pela presidente, mas com prorrogação para 2013. Todavia, a decisão foi descartada mais uma vez com a alegação de que não existem condições técnicas suficientes para garantir a realização dos dois testes. O alto custo do processo seletivo também foi apontado como um dos fatores nocivos à aplicação da medida.
Atualidade
A possibilidade voltou a ser cogitada no início de 2015 pelo ministro da Educação, Cid Gomes, que ficou apenas 76 dias no cargo. Nesse período, ele também anunciou uma possível aplicação on-line do Exame para simplificar a logística e reduzir os custos. Além de prever o agendamento das provas, que seriam aplicadas mais de uma vez por ano em locais credenciados, o novo formato contaria com cerca de 8 mil questões por área de conhecimento, que seriam escolhidas aleatoriamente.
Diante disso, duas consultas públicas sobre o Enem foram realizadas entre os meses de janeiro e março para embasar os estudos do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) sobre a migração do formato físico para o digital. A primeira registrou 45.704 sugestões e a segunda recebeu 36.582 contribuições da sociedade sobre a ampliação do banco de itens, o aprimoramento da logística e segurança e outros assuntos relacionados à aplicação da prova.
Futuro
No início de abril, o secretário executivo do MEC, Luiz Cláudio Costa, afirmou que o órgão irá manter os planos de digitalizar o Exame, mas que a realização de versões online e/ou semestral não será viável em menos de dois anos, em decorrência da dificuldade de se ter um número de questões suficientes para o novo modelo e da necessidade de tempo e investimentos. Costa ressaltou, ainda, que os treineiros devem ser os primeiros a experimentar o novo sistema.
Grande parte da sociedade acadêmica defende a iniciativa de realizar dois testes anuais como uma forma de diluir as tensões dos estudantes, aumentar as chances de aprovação dos candidatos e reduzir as falhas de organização do processo seletivo, que nos últimos anos tomou proporções inimagináveis. A pergunta que fica é: essa ideia realmente vai sair do papel ou será adiada mais uma vez? O jeito é pagar para ver.