Algumas edições do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) foram marcadas por episódios inusitados. Casos de falhas técnicas dos cadernos de provas foram constatados, bem como a desclassificação de candidatos em decorrência de postagens de fotos em redes sociais durante o Enem e até mesmo um parto realizado no local de provas.
Em 2009, após as provas serem adiadas em decorrência do roubo dos cadernos de provas, a abstenção no Exame chegou a 1,5 milhão de pessoas. Neste mesmo período, dados pessoais dos candidatos também foram divulgados indevidamente no site do Inep. Com isso, a polêmica acerca do processo seletivo cresceu e acabou tomando proporções alarmantes.
Um ano depois, mesmo com toda atenção do Ministério da Educação (MEC), 21 mil exemplares da prova de cor amarela foram impressos com falha técnica. No Rio de Janeiro, uma aluna com catapora fez as provas com outros alunos, sem qualquer atendimento especial. Na Bahia, uma professora abriu o caderno de questões, destinado a cegos, duas horas antes do início das provas e repassou o tema da redação ao seu filho por meio de um aparelho celular.
Na edição de 2011, alunos de Fortaleza tiveram acesso antecipado às questões por meio de um cursinho pré-vestibular. No final de semana de aplicação das provas, um jornal de grande circulação divulgou o tema da redação antes do tempo mínimo estabelecido para saída dos alunos e oito candidatos foram expulsos pelo uso de celular e publicação de mensagens em redes sociais durante a prova. Além disso, uma candidata foi ferida durante o exame após um ventilador cair em sua cabeça e braços.
Fraudes
Há, ainda, casos de pessoas que se aproveitam da expectativa e ansiedade dos candidatos para agir de má-fé e investir em tentativas de fraude em busca de privilégios, inclusive financeiros. Desde 2009, foram muitos os relatos de furto de caderno de questões, quebra de sigilo, divulgação antecipada de supostos temas de redações ou de questões das provas, inclusive por fotos, utilização de ponto eletrônico, dentre outras.
Saiba mais sobre fraudes no Enem
Nesse tempo, muitas pessoas foram denunciadas e investigadas e, apesar de muitos casos de divulgação antecipada de informações não terem passado de especulação, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) reavalia e propõe, a cada edição, mudanças no método de organização e aplicação do Exame para reforçar o esquema de segurança de todo o processo.
Acasos
Por outro lado, essa postura do órgão não impede o registro de fatos inesperados, curiosos e até engraçados, como aconteceu na edição de 2015. Em Mato Grosso do Sul, o pequeno Everton nasceu em uma sala de aula durante a aplicação das provas. Uma escola no norte da Bahia foi destelhada por conta de uma forte chuva e, em todo o Brasil, mais de 60 candidatos postaram fotos do material da prova no Instagram, inclusive com hashtag (#), durante a aplicação do Enem.
Outra estudante foi desclassificada em Sorocaba por trocar mensagens de celular com a mãe, após denúncia da própria progenitora. Uma aluna perdeu a prova porque seu pai estava assistindo a Fórmula 1 e uma candidata se esqueceu de marcar as respostas no gabarito após quatro horas fazendo a prova.
O lado bom é que em casos alheios e imprevistos ocorridos no dia oficial do Enem, como acidente ou mal súbito, por exemplo, o candidato tem a chance de fazer as provas depois, na mesma data em que são aplicadas nas unidades prisionais e socioeducativas.
Ponto negativo é que, em episódios em que os candidatos possuem controle da situação, como utilização de aparelho celular durante as provas, a única alternativa é esperar 365 dias para participar do Exame em razão de sua desclassificação. Em casos de tentativas de fraudes, o estudante ainda pode ser denunciado e indiciado. E aí, vale a pena arriscar?