O dialogismo entre os diversos tipos de texto, sejam eles linguísticos ou extralínguisticos, é um dos conceitos mais explorados na prova do Exame Nacional do Ensino Médio. Para ajudar você a conseguir uma vaga na universidade, o Super Vestibular traz uma superdica sobre intertextualidade no Enem.
Podemos dizer que a intertextualidade é a influência de um texto sobre outro. Todo texto, em maior ou menor grau, é um intertexto, pois durante o processo de escrita acontecem relações dialógicas entre os textos que escrevemos e os textos que acessamos ao longo da vida. Esses textos previamente lidos são chamados de textos-fonte, fundamentais na memória coletiva de uma sociedade. É interessante observar que, a intertextualidade, que pode ser implícita ou explícita, uma paráfrase ou uma paródia, está presente em todas as disciplinas abordadas pelo Enem, e não apenas na prova de Linguagens e Códigos.
Questão sobre intertextualidade no Enem:
Questão 63 – ENEM 2003
Operários, 1933, óleo sobre tela, 150x205 cm, (P122), Acervo Artístico-Cultural dos Palácios do Governo do Estado de São Paulo
Desiguais na fisionomia, na cor e na raça, o que lhes assegura identidade peculiar, são iguais enquanto frente de trabalho. Num dos cantos, as chaminés das indústrias se alçam verticalmente. No mais, em todo o quadro, rostos colados, um ao lado do outro, em pirâmide que tende a se prolongar infinitamente, como mercadoria que se acumula, pelo quadro afora.
(Nádia Gotlib. Tarsila do Amaral, a modernista.)
O texto aponta no quadro de Tarsila do Amaral um tema que também se encontra nos versos transcritos em:
a) “Pensem nas meninas/ Cegas inexatas/ Pensem nas mulheres/ Rotas alteradas.” (Vinícius de Moraes)
b) “Somos muitos severinos/ iguais em tudo e na sina:/ a de abrandar estas pedras/ suando-se muito em cima.” (João Cabral de Melo Neto)
c) “O funcionário público não cabe no poema/ com seu salário de fome/ sua vida fechada em arquivos.” (Ferreira Gullar)
d) “Não sou nada./ Nunca serei nada./ Não posso querer ser nada./À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.” (Fernando Pessoa)
e) “Os inocentes do Leblon/ Não viram o navio entrar (...)/ Os inocentes, definitivamente inocentes/ tudo ignoravam,/ mas a areia é quente, e há um óleo suave que eles passam pelas costas, e aquecem.” (Carlos Drummond de Andrade)
Comentário da questão: No quadro Operários, de Tarsila do Amaral, a linguagem extralinguística sugere que a diversidade individual é desconsiderada pelo conceito de igualdade de condição de trabalho e, consequentemente, desconsiderada na vida. A mesma sugestão pode ser encontrada nos versos de João Cabral de Melo Neto, pois na fala do protagonista podemos observar a dissolução da individualidade dos nordestinos no trabalho de lavrar a terra. A intertextualidade configura-se por meio do diálogo existente entre a tela de Tarsila e o trecho do livro de João Cabral de Melo Neto.
Resolução da questão: Alternativa “b”.