Quer saber como são cobrados os textos literários no Enem? Então fique atento e siga mais uma dica de Linguagens e Códigos do Super Vestibular para o Exame Nacional do Ensino Médio de 2014.
Conhecer a Literatura brasileira e a linguagem dos textos literários é fundamental para a compreensão de muitas questões da prova de Linguagens e Códigos e também de outras matérias, visto que o conceito de interdisciplinaridade é uma das características do Enem. Não se espante se, de repente, nas questões relacionadas à Geografia, por exemplo, você deparar-se com uma música, um fragmento de um conto ou até mesmo um poema, gêneros textuais do universo literário. É importante que o candidato relacione seus conhecimentos com a Literatura dentro das funções linguísticas, contextos históricos, sociais e políticos e também demonstre conhecimento em relação aos mecanismos de construção de um texto literário.
Para fazer uma correta interpretação dos textos literários no Enem, é indispensável que você saiba diferenciar a linguagem literária da linguagem não literária. Observe:
● Textos literários: Alguns elementos são comumente encontrados nos textos literários, entre eles a complexidade, a multissignificação, a conotação, a liberdade na criação e a variabilidade. A linguagem literária faz dos textos literários um objeto estético, e não meramente linguístico, ao qual podemos inferir significados de acordo com nossas singularidades e perspectivas. Esses elementos estão relacionados com o tipo de linguagem e podem ser observados em vários gêneros, como crônicas, contos, romances, letras de música, poemas etc.
● Textos não literários: No discurso não literário deve predominar uma linguagem objetiva, clara e concisa a fim de que a informação seja repassada de maneira eficiente. As notícias, os artigos jornalísticos, os textos didáticos, os verbetes de dicionários e enciclopédias, as propagandas publicitárias, os textos científicos, as receitas culinárias e os manuais são exemplos de gêneros textuais que adotam a linguagem não literária.
Para entender melhor nossa dica para a prova de Linguagens e Códigos, observe a abordagem feita pelo Enem:
Exercício resolvido sobre textos literários no Enem
Questão 111 – Enem 2013
Tudo no mundo começou com um sim. Uma molécula disse sim a outra molécula e nasceu a vida. Mas antes da pré-história havia a pré-história da pré-história e havia o nunca e havia o sim. Sempre houve. Não sei o quê, mas sei que o universo jamais começou.
[...]
Enquanto eu tiver perguntas e não houver resposta continuarei a escrever. Como começar pelo início, se as coisas acontecem antes de acontecer? Se antes da pré-pré-história já havia os monstros apocalípticos? Se esta história não existe, passará a existir. Pensar é um ato. Sentir é um fato. Os dois juntos – sou eu que escrevo o que estou escrevendo. [...] Felicidade? Nunca vi palavra mais doida, inventada pelas nordestinas que andam por aí aos montes.
Como eu irei dizer agora, esta história será o resultado de uma visão gradual – há dois anos e meio venho aos poucos descobrindo os porquês. É visão da iminência de. De quê? Quem sabe se mais tarde saberei. Como que estou escrevendo na hora mesma em que sou lido. Só não inicio pelo fim que justificaria o começo – como a morte parece dizer sobre a vida – porque preciso registrar os fatos antecedentes.
LISPECTOR, C. A hora da estrela. Rio de Janeiro: Rocco, 1998 (fragmento).
A elaboração de uma voz narrativa peculiar acompanha a trajetória literária de Clarice Lispector, culminada com a obra A hora da estrela, de 1977, ano da morte da escritora. Nesse fragmento, nota-se essa peculiaridade porque o narrador
a) observa os acontecimentos que narra sob uma ótica distante, sendo indiferente aos fatos e às personagens.
b) relata a história sem ter tido a preocupação de investigar os motivos que levaram aos eventos que a compõem.
c) revela-se um sujeito que reflete sobre questões existenciais e sobre a construção do discurso.
d) admite a dificuldade de escrever uma história em razão da complexidade para escolher as palavras exatas.
e) propõe-se a discutir questões de natureza filosófica e metafísica, incomuns na narrativa de ficção.
Comentário da questão: Na questão sobre o fragmento do livro “A hora da estrela”, de Clarice Lispector, podemos perceber a preocupação em abordar os aspectos relacionados com a composição do texto literário. A peculiaridade da voz narrativa de Clarice mostra as reflexões existenciais do sujeito em crise e também uma técnica de construção do discurso muito presente na linguagem da escritora, na qual a personagem deixa de narrar para fazer reflexões acerca do próprio comportamento, processo que ficou conhecido como “fluxo de consciência”.
Resolução da questão: Alternativa “c”.