Vestibulares com etapas práticas
Algumas universidades inovam em seus vestibulares e realizam etapas com entrevistas, dinâmicas de grupo e outras práticas
Normalmente, vestibulares exigem que os candidatos respondam questões objetivas e discursivas sobre as disciplinas ministradas no ensino médio e que saibam redigir uma redação.
Nos últimos anos, porém, processos seletivos de algumas instituições têm cobrado mais do que esse tipo de conhecimento. Nesses casos, vestibulandos também são avaliados por meio de entrevistas, dinâmicas de grupo, desenvolvimento de projetos, entre outras atividades.
Nos vestibulares especiais, os candidatos são avaliados por:
-Habilidade comunicação/empatia;
-Trabalho em equipe;
-Liderança
-Ética;
-Pensamento crítico;
-Motivação;
-Comunicação assertiva;
-Capacidade crítico-reflexiva.
Einstein
Na Faculdade Israelita de Ciências da Saúde Albert Einstein, de São Paulo, a segunda fase do vestibular de Medicina é composta por Mini Múltiplas Entrevistas presenciais para analisar as competências não cognitivas, chamadas socioemocionais, tais como habilidade comunicação/empatia, trabalho em equipe/liderança, ética, pensamento crítico e motivação.
Segundo o Dr. Julio Cesar Martins Monte, coordenador da graduação de Medicina da Faculdade Einstein, as competências pessoais não cognitivas desejáveis ao aluno que ingressa no curso de Medicina estão bem estabelecidas na literatura, mas não são avaliadas no vestibular convencional, sendo esse o intuito das Mini Múltiplas Entrevistas.
No total, os candidatos passam por oito entrevistas. Antes de começar, os estudantes têm dois minutos para conhecer o cenário, que pode ser um vídeo, uma charge, um pequeno texto ou uma situação na qual ele vai interagir com algum ator.
Participam da primeira fase do vestibular do Einstein de 7 mil a 10 mil candidatos. Passam para a etapa seguinte os 256 primeiros estudantes. Conforme conta o coordenador, o índice de satisfação dos candidatos com as entrevistas é superior a 97%.
Monte explica que o curso de Medicina é baseado em métodos de educação ativa, nos quais o aluno é o centro do processo e deve assumir responsabilidades sobre seu aprendizado, além de receber e fornecer feedback frequente de seus professores e colegas.
Insper
O Insper, em São Paulo, adotou a avaliação por meio de dinâmicas e desenvolvimento de projetos quando começou a oferecer vestibulares para os cursos de Engenharia da Computação, Engenharia Mecânica e Engenharia Mecatrônica.
De acordo com Tadeu da Ponte, coordenador executivo de processos seletivos do Insper, a escola entendeu que, na segunda fase do vestibular, seria importante avaliar também se o candidato tem as habilidades necessárias para estudar os cursos de engenharias.
A segunda fase do vestibular de engenharia do Insper é dividida em duas partes. A primeira não é avaliativa. Conforme explica Ponte, essa etapa é para “quebrar o gelo”. Os candidatos discutem temas, geralmente polêmicos, sorteados na hora.
A etapa seguinte é avaliativa. Os vestibulandos recebem um desafio, um problema para resolver, um protótipo de projeto com materiais que eles têm a disposição.
O coordenador acredita que a avaliação socioemocional é diferente da escrita porque nela entra a fase da subjetividade. “São analisadas a comunicação assertiva, mobilização de equipes e o pensamento crítico”, enumera.
São convocados para a segunda fase do vestibular de engenharias do Insper cerca de 300 candidatos. “Nessa parte o aluno pode conhecer o que se espera dele no curso”, destaca Ponte.
Bahiana
A Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública (Bahiana) tem como vestibular especial o Processo Seletivo Formativo. A primeira fase é composta por provas objetivas de conhecimentos gerais. Já a segunda tem duas etapas: provas discursivas e atividades vivenciais.
Conforme afirma a Prof.ª Luiza de Oliveira Kruschewsky Ribeiro, coordenadora de desenvolvimento de pessoas da instituição baiana, é a fase vivencial que distingue o vestibular dos demais do Brasil. “Nessa forma de ingresso utilizamos metodologias e procedimentos mais ativos, mais desafiantes, estimuladores e reflexivos, aos quais os estudantes estarão expostos depois que entram no curso”.
A coordenadora da Bahiana comenta que na etapa vivencial os candidatos são recebidos em uma ação denominada “Acolhimento”, que tem como objetivo aquecer, sensibilizar os candidatos para as atividades seguintes.
Primeiro, os candidatos assistem a um filme e, em seguida, discutem sobre o tema com equipe de pedagogos, psicopedagogos e psicólogos. Na segunda parte, de acordo com a coordenadora, é apresentado um caso clínico fictício em que, a partir de informações dadas pelos professores, os candidatos atuam na interpretação de cada profissional de saúde e na dramatização da situação clínica.
Segundo Luiza, a última etapa da etapa vivencial da Bahiana é composta por uma dinâmica na qual são criadas oportunidades para que o candidato realize atividades socializadoras e de integração, capazes de evidenciar habilidades interpessoais e a capacidade crítico-reflexivas.