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Vale a pena fazer o FIES?

Antes de se inscrever no FIES ou no P-FIES, analise com cuidado algumas questões para não acabar com uma grande dívida.

Publicado por Silvia Tancredi
É importante conhecer detalhes sobre FIES antes de fazer o seu cadastro-Shutterstock/Brasil Escola

Se você fez o Enem e não tem como pagar uma faculdade, pode aproveitar as suas notas para financiar um curso em uma universidade particular por meio do Fundo de Financiamento Estudantil (FIES). 

Caso seja aprovado na seleção, o programa funciona da seguinte maneira: você começa o curso e, durante as aulas, deve pagar o valor não financiado. Depois de um mês de formado, você começa a quitar a dívida. 

Tire suas dúvidas sobre o FIES

Contratar o FIES parece simples, mas, antes de tomar essa decisão, é importante você saber que há jovens que aderiram ao programa e, hoje, não têm como quitar a dívida. 

Dados mostram que seis em cada dez pessoas que firmaram contratos do FIES estão com parcelas atrasadas. Em abril de 2019, as dívidas com o programa ultrapassaram a casa dos R$ 2 bilhões. 

Por isso, antes de aderir ao FIES, é importante traçar hipóteses do que você pode vir a vivenciar ao financiar um curso de graduação, especialmente a longo prazo. Ao imaginar possíveis cenários, você pode descobrir se o programa é o mais adequado para você, uma vez que, depois de formado, precisa pagar a sua dívida.

Para ajudá-lo a decidir se deve ou não optar pelo FIES, listamos estas nove questões. Analise-as com calma!

1) Posso me inscrever no FIES?

O FIES é um programa direcionado a quem fez alguma das edições do Enem a partir de 2010 e teve média mínima de 450 pontos, sem ter zerado a redação. Além disso, o candidato deve comprovar ter renda familiar de até três ou cinco salários-mínimos.

2) Conheço as modalidades do FIES?

Há duas modalidades do FIES: o Fundo de Financiamento Estudantil e o Programa de Financiamento Estudantil (P-FIES).

Veja abaixo as diferenças entre as modalidades:

FIES: em termos de financiamento, o FIES é vantajoso por ter juros zero  (correção da inflação e as taxas). Você precisa comprovar ter renda familiar de até três salários mínimos. 

P-FIES: a taxa de juros varia conforme o agente financeiro (banco). Nesse caso, é necessário ter renda familiar de até cinco salários mínimos. 

3) O curso oferecido no FIES é realmente o que eu quero?

Alguns jovens se veem na obrigação de fazer um curso superior, seja porque costuma ser a sequência natural depois de terminar o ensino médio, seja pela influência dos pais que consideram fundamental cursar uma graduação.

Nessa etapa, alguns estudantes escolhem um curso por impulso, sem analisar se é realmente o que querem estudar, se têm aptidão para a carreira e se terão retorno financeiro tanto para se sustentar como para pagar a dívida que estão fazendo.

Por isso, é importante você pensar nos prós e nos contras de escolher determinado curso antes de fazer seu cadastro no sistema do FIES. 

Vale destacar que, conforme as regras do programa, a prioridade é a oferta de cursos das áreas de Engenharias, formação de professores (licenciaturas, Pedagogia ou Normal Superior) e Saúde.

Saiba mais: opções de cursos da área de saúde

Pense nisso: se você for aprovado no FIES, a ideia é que você faça a graduação. Porém, mesmo se o curso não for o que esperava ou se não se adaptar ao ensino superior e resolver abandoná-lo, precisa pagar todas as parcelas conforme o contrato que você assinou.

Dica: pegue papel e caneta e responda agora mesmo estas questões:

    • Como você acha que estará daqui a dez anos?
    • Você se vê exercendo a sua profissão? 
    • Acha que terá satisfação pessoal e financeira? 

Quando terminar de anotar, leia as respostas. Deixe passar mais alguns dias e leia-as novamente. Você, inclusive, pode mostrá-las para algum parente ou amigo e trocar ideia sobre o que anotou. Assim, tomará uma decisão mais segura se o curso oferecido no FIES é o certo para você.

4) Quanto vou pagar durante o curso? (modalidade FIES)

Durante o curso financiado pelo FIES, o estudante deve pagar o seguinte:

    • Quantidade que não foi financiada
    • Taxa de “gastos operacionais”
    • Seguro de vida

A taxa de gastos geralmente gira em torno de R$ 50. Já o seguro de vida é para ser usado em situações de invalidez ou morte do estudante. Nesse caso, as parcelas são de cerca de R$ 5, mas, para cursos de Medicina, R$ 15. 

Não é possível saber o valor exato que deve ser pago, pois cada caso é um caso, uma vez que o financiamento é contabilizado de acordo com o perfil do contratante. 

Exemplo: se a mensalidade for de R$ 800 e você conseguir um financiamento de 60% da mensalidade, durante o curso você vai pagar os 40% restantes (R$ 320 por mês + seguro de vida + gastos operacionais).

5) Quanto vou pagar depois de me formar? (modalidade FIES)

Conforme as regras do programa, depois de se formar o estudante deve pagar tudo o que foi financiado. Caso o jovem esteja trabalhando, o valor mensal é descontado direto da folha de pagamento. Esse valor é de aproximadamente 10% do salário.

Exemplo: se sua dívida é de R$ 50.000 e seu salário de R$ 2.000, você vai pagar R$ 200 por mês por quase 21 anos. No entanto, como a tendência do salário é aumentar ao longo dos anos, a dívida pode ser paga em menos tempo.

6) E se eu não conseguir emprego depois de formar?

Seguindo ainda o exemplo no qual a mensalidade do estudante é de R$ 800, caso ele não consiga emprego depois de se formar, o pagamento da dívida tem que ser o seguinte:

  • No 1º ano: 70% do valor que era pago mensalmente durante o curso (sem contar taxas) – R$ 224
  • No 2º ano: 75% do valor que era pago mensalmente durante o curso (sem contar taxas) – R$ 240
  • No 3º ano: 100% do valor que era pago mensalmente durante o curso (sem contar taxas) – R$ 320

Ressaltando que esses cálculos se referem ao FIES. No caso do P-FIES, cada banco tem uma taxa de juros diferente.

7) Como é o mercado de trabalho para recém-formados no curso que escolhi?

Vamos supor que você escolheu um curso clássico, como Direito, por exemplo. Então, a recomendação é que, antes de se inscrever no FIES, analise como é o mercado de trabalho na sua cidade. Converse com profissionais da área, principalmente recém-formados, e pesquise 

Confira 5 filmes para conhecer mais a área de direito

Outro ponto a pensar é na média salarial de um recém-graduado, seja no curso de Direito, seja em outra profissão. Analise esses três pontos:

    • Quanto é o piso da carreira que escolheu? 
    • Os contratantes pagam esse valor mesmo? 
    • E, caso você ganhe o salário em questão, poderá arcar com a dívida FIES

8) Quais serão minhas despesas depois de me formar?

Consultores financeiros recomendam que as dívidas não ultrapassem 30% do seu salário. Pensando nisso, é recomendado que você liste, primeiramente, o que vai precisar pagar.

Alguns jovens quando se formam querem comprar seu carro, ter sua casa própria ou, ao menos, ter o seu espaço, mesmo que seja pagando aluguel. Há ainda outras contas, como luz, água, alimentação, plano de saúde, etc.

Sendo assim, você vai precisar pagar tudo isso e, ainda, a parcela do FIES. Então, é hora de analisar se poderá arcar com suas contas e com a dívida. Por isso, pense se suas expectativas serão atendidas como o curso que escolher. 

9) Quais são minhas opções além do FIES?

Se você leu todas estas informações sobre o Fies e percebeu que não é o programa certo para você, fique calmo. Há outras opções: 

SiSU: se você fez o Enem no ano precedente ao período de inscrições, a recomendação é que se inscreva no Sistema de Seleção Unificada, que oferece vagas em cursos ministrados em universidades públicas.

ProUni: o Programa Universidade para Todos oferece bolsas de estudo parciais e integrais a estudantes que fizeram o Enem, também no ano precedente, e que têm renda familiar de até salário mínimo.  

Cursinho: se você não passou no SiSU ou no ProUni, outra opção é investir em um cursinho pré-Enem para se preparar melhor para o exame educacional e conseguir a nota mínima exigida em um dos programas do governo. 

Conheça alguns cursinhos comunitários

Saiba como escolher um pré-Enem

Estudar sozinho: se você não tem tempo ou dinheiro para fazer cursinho, uma boa opção é estudar sozinho, com livros e pela internet. Aqui no Super Vestibular há diversas dicas, artigos e simulados para você treinar. 

Vestibulares: Caso não consiga ingressar no SiSU ou ProUni, outras alternativas são vestibulares. Há algumas faculdades particulares que oferecem bolsas de estudos ou vestibulares sociais a candidatos que não têm condições de pagar a mensalidade completa. 

Confira a agenda de vestibulares do Brasil

FIES em 2021

O Ministério da Educação (MEC) informou no final de 2019 algumas mudanças no que diz respeito ao Financiamento Estudantil. Primeiramente elas foram anunciadas para a edição de 2020. Depois, o órgão voltou ao que falou e informou se tratar de mudanças para o 2º semestre de 2020, o que mudou mais uma vez e agora será para o ano de 2021.

Veja aqui as rsoluções que alteram o FIES

Dentre as alterações está no que diz respeito a exigência da nota mínima de 400 pontos na redação do Enem.

No P-FIES as alterações serão maiores e o mesmo passará por uma grande reformulação. Veja algumas abaixo:

- Mudança de sigla para não confundir com o Fies;
- Fim da exigência do Enem;
- Fim do limite de renda (atualmente é de até cinco salários mínimos por membro familiar);
- Independência em relação ao processo seletivo do Fies;
- Solicitação do financiamento a qualquer momento.

Na resolução divulgada a respeito do do P-FIES não foi informado o novo nome do programa nem as regras para o segundo semestre. 

Transferência

As regras para a transferência de curso para beneficiados pelo Fies também terá alterações já a partir do segundo semestre de 2020, sendo necessário ter obtido no Enem um desempenho igual ou superior à nota de corte do curso que pretende se transferir.

Menor número de vagas

O novo Plano Trienal do Fies define as mesmas 100 mil vagas deste ano para 2020. Contudo, reduz para 54 mil em 2021 e 2022. A quantidade poderá ser revista se houver uma melhora no cenário econômico do país, com o Governo destinando mais verba para o programa.

Inadimplência

A partir de hoje, os estudantes com dívida acima de R$ 10 mil podem ser cobrados judicialmente, caso tenham firmado contrato antes do segundo semestre de 2017. O ajuizamento deverá ser feito após 360 dias de inadimplência na fase de amortização, ou seja, do pagamento em parcelas dos débitos.

Até 2019, a cobrança dos inadimplentes do Fies era realizada no âmbito administrativo. Pela nova resolução, só continua a se enquadrar nesse campo quem dever menos de R$ 10 mil. O devedor e os fiadores poderão ser acionados.

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