Medicina costuma ser o curso mais disputado dos vestibulares e das seleções que usam o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) como critério de seleção, como o Sistema de Seleção Unificada (SiSU). Para ingressar na universidade, é necessário que os estudantes tracem um plano de estudos diferenciado e dediquem-se com afinco. Para alguns, cursar as três séries do ensino médio não é suficiente; muitas vezes, o candidato também precisa fazer cursinho pré-vestibular.
Nos depoimentos abaixo, duas estudantes e um médico relatam com todos os detalhes como foi a preparação para ingressar no curso de Medicina oferecido em três universidades federais do País. De antemão, todos avisam: se o seu sonho é estudar essa carreira, super vestibulando, tenha foco e não desista.
Lauriene Maia Sant´Anna, estudante da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Concluirá o curso em 2019.
"Inicialmente, pretendia estudar Direito, mas, quando estava no cursinho, conheci um pouco mais o curso de Medicina e me apaixonei aos poucos.
Cursei pré-vestibular durante quatro anos. Consegui alcançar uma rotina de estudos a partir do segundo ano. Para otimizar o tempo, seguia a sequência das matérias de acordo com área de conhecimento. Estudava uma média de cinco horas por dia, contando com as aulas do cursinho, que era integral. Aos fins de semana, procurava manter as nove horas de estudo e o resto do tempo destinava aos momentos de lazer.
Na época de vestibular, passa um monte de bobagem na nossa cabeça e a maior delas é desistir. Por isso, o apoio e o estímulo da família e amigos são muito importantes nessa fase.
Para os alunos que pretendem cursar Medicina, planejamento e disciplina nos estudos é evidentemente necessário, contudo, acreditar na capacidade e no ritmo é primordial. Caso o estudante não saiba como elaborar uma rotina de estudos, acredito que não deve se acanhar, mas sim conversar com algum professor ou coordenador. Geralmente eles colaboram muito, bem como dão valiosos conselhos. E, por fim… Keep calm, great times are comming.
Na faculdade
Como estudante de Medicina percebo que a carga horária de estudos é, com certeza, bem maior do que na época do vestibular. Exige muito mais dedicação e disciplina para dar conta de todo o conteúdo teórico e prático (algo que nem sempre conseguimos).
Diferente do cansativo ritmo do pré-vestibular, na faculdade nosso interesse é constantemente renovado e estimulado. Quando percebemos que aprendemos e aplicamos isso nas aulas práticas e estágios é vitalizador. É uma paixão que constantemente se renova e aumenta."
Felipe Spicacci, graduado em 2013 pela Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM).
"Apaixonei-me pela Medicina quando fui ao oftalmologista pela primeira vez, por volta dos 13 anos. Prestei vestibular para esse curso quando terminei o ensino médio, mas não passei e estudei três anos em cursinhos diferentes.
Ficava no pré-vestibular das 14h às 20h todos os dias de semana. Preferia estudar lá porque era um ambiente em que sofria menos estímulos externos que pudessem me atrapalhar, além de que sempre havia alguém para sanar as minhas dúvidas. Final de semana fazia os simulados e descansava. As matérias de que gostava mais e tinha mais facilidade (Química, Biologia, Física e Matemática) estudava só fazendo exercícios e as que tinha menos facilidade fazia exercícios e lia a teoria.
Durante o período do vestibular, jamais desisti do meu sonho e hoje não me arrependo de nenhum dia a mais que demorei para passar e não faria nada de maneira diferente.
Conselhos
A todos que vislumbram a aprovação no vestibular: sejam resilientes!!! Persistam!!! Insistam!!! Não desanimem!!! No final, vocês olharão para trás e verão que tudo valeu a pena e muito!!!
No momento, já com mais de dois anos de graduação, trabalho em uma Unidade Básica de Saúde (UBS), como médico da Estratégia de Saúde da Família (ESF) e, paralelamente ao meu trabalho, estudo para as provas de residência médica. Meu foco é a especialidade de Oftalmologia, mantendo a minha paixão inicial."
Felipe Spicacci formou em Medicina na UFTM
Fernando Oliveira, estudante da UFU. Concluirá o curso em 2017.
"Optei por estudar Medicina depois de terminar minha primeira graduação no curso de Física. Por ter uma base sólida em exatas e relativa dificuldade em Português, resolvi fazer uma específica nessa disciplina. O curso durava quase quatro horas por semana. Tinha aulas de gramática, literatura e redação. Por semana, fazia um texto e acompanhava como ele era corrigido. Para as demais matérias (geografia, história e biologia), estudei sozinho e fiz muitos exercícios.
Consegui boa pontuação no Enem e fui aprovado na Universidade Federal de Uberlândia (UFU) através do Sistema de Seleção Unificada (SiSU). Fiz o Enem em 2011. Foram abordados conteúdos básicos, mas achei as provas cansativas e desgastantes. Prestei vestibular e fui aprovado também na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e Universidade Estadual Paulista (Unesp), mas optei pela UFU.
Específicas
Para quem quer passar para o curso de Medicina, a minha dica é que o estudante foque na matéria na qual tem dificuldade e se dedique a ela, fazendo uma específica. No começo pode ser difícil, mas com o tempo ganha-se confiança, especialmente ao praticar bastante. Para as demais disciplinas também é importante fazer exercícios de provas anteriores.
Já na faculdade, a carga horária é muito grande e isso nos impede de estudar alguns tópicos que mais gostamos, deixando o curso chato em alguns períodos, principalmente no começo. Depois nos ajeitamos e perdemos horas de sono, mas por prazer de fazer o que gostamos. Vou concluir o curso em 2017 e devo me especializar na área de Saúde Mental."